GT 1 - FILOSOFIA DA RELIGIÃO
Dr. Humberto Araújo Quaglio (UFJF)
Doutoranda Rúbia Campos Guimarães Cruz (UFJF)
Mestranda Cássia Fernandes (UFJF)
Mestranda Isabela Pinho (UFJF)
Desde os primórdios da filosofia, a religião tem se relacionado com o pensamento filosófico de diferentes maneiras. O protótipo fundamental da lógica filosófica, como exemplificado pelo fragmento de Parmênides, "o ser é, e o não ser não é", surge em um contexto onde o filósofo dialoga com uma deusa. Esse exemplo ilustra como a questão religiosa está presente nas origens da filosofia ocidental, demonstrando que a filosofia da religião é uma tarefa essencial tanto para aqueles que se aventuram a pensar a filosofia quanto para aqueles que se debruçam sobre a religião. O GT "Filosofia da Religião" no CONACIR propõe reunir pesquisadores para discutir reflexões filosóficas sobre os modos de percepção e apreensão do fenômeno religioso, abrangendo três eixos temáticos principais: 1) a relação entre fé e razão; 2) conceitos da filosofia da religião ligados à contemporaneidade; e 3) o pensamento filosófico-religioso de autores historicamente relevantes. Esse GT se caracteriza pela investigação filosófica do fenômeno religioso em suas múltiplas abordagens e compreensões, incluindo a fenomenológica, hermenêutica, teológica e comparativa. Adicionalmente, serão discutidas questões existenciais desde a antiguidade até a contemporaneidade, abordando temas como o problema do mal, transcendência, liberdade, fé, a relação entre religião e existência, e o sentido último da vida. A adesão desse GT ao tema do evento é de fundamental importância para os estudos de religião, contribuindo para a ampliação da compreensão das linguagens da religião e sua relação com a arte e a política. O diálogo enriquecedor entre diferentes perspectivas será fomentado, permitindo um grande aproveitamento nas discussões propostas. Serão aceitos trabalhos de estudantes de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) das áreas de Ciência da Religião, Filosofia e Teologia, além de professores doutores, incentivando uma reflexão filosófica aprofundada sobre as representações do fenômeno religioso e suas intersecções com outras esferas do pensamento.
GT 2 - PSICOLOGIA E RELIGIÃO
Dra. Maria Conceição Schetino (UFJF)
Me. Paulo Roberto (UFJF)
Doutorando Lucas Teixeira Souza (UFJF)
Doutoranda Letícia de Paula Severino (UFJF)
O objeto da psicologia científica, em sentido amplo, é o ser humano, causa pela qual se insere no âmbito disciplinar de estudo e investigação das ciências humanas. Em sentido estrito, a psicologia científica se divide em psicologias. Assim, temos a psicologia comportamental, a psicologia cognitiva, a psicanálise, a psicologia social, etc. O objeto de todas essas psicologias se diferencia e é diverso. Bock et al. (2001) defendem que não existe uma psicologia, mas ciências psicológicas embrionárias e em desenvolvimento. Para os autores, a melhor definição do objeto da psicologia é a subjetividade, por partir de uma identidade que diferencia dos demais ramos das ciências humanas. Neste sentido, subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural (Bock et al, 2001). A subjetividade abarca a singularidade de cada um e constitui o seu modo de ser no mundo, além disso, está sempre em construção. Consoante com a subjetividade, a religião é um constructo social e individual que possui múltiplas facetas que podem servir tanto como força e apoio quanto como um meio de controle, exercendo um papel significativo na vida dos seres humanos, como aponta Pargament (1997). A religião está na construção das identidades individuais e coletivas, moldando como o indivíduo percebe a si e ao grupo ao qual pertence. Além disso, ela pode atuar como um suporte psicossocial significativo na vivência humana. Outros autores também
trazem contribuições significativas a respeito da interação entre psicologia e religião. William James (1902), por exemplo, aponta que a experiência religiosa se trata do estado de afetividade. O psicólogo James Leuba (1921) se interessava pela dinâmica entre cientistas acerca do objeto religioso. Carl Jung (1986) aborda que a psique está relacionada com os arquétipos, considerados uma imaginação que se expressa de forma simbólica. Jurgen-Hans Fraas (1997) afirma que na expressão dos costumes do diário viver se dá a atuação do simbolismo cultural, ambientado psiquicamente e concretizando a fé, bem como o desaparecimento desses tipos de expressão significa um esvaziamento da psique. Jacob Belzen (1995) indica que a experiência religiosa se faz relevante para a Psicologia Cultural da Religião, defendendo que esta utiliza instrumentos psicológicos para compreender a religião, apontando o conhecimento cultural de símbolos, conceitos e palavras relacionados às articulações linguísticas. Antônio Ávila (2003) aborda que um dos objetivos da pesquisa em Psicologia da Religião se trata de inventariar comportamentos religiosos, explorando as diferenças significativas, principalmente ao compreender a dimensão religiosa do homem. Desta forma, ao explorar essas e outras nuances, o GT Religião e Psicologia visa contribuir para a compreensão da complexidade do papel da religião na subjetividade; tem o objetivo de reunir pesquisadores que abordem o comportamento religioso numa perspectiva psicológica, buscando reflexões e diálogos, num espaço aberto para pesquisas que abarquem tanto teorias clássicas quanto contemporâneas.
GT 3 - CRISTIANISMO DAS ORIGENS
Me. Daniel Salomão Silva (UFJF)
Me. Iuri Nunes (UFJF)
Me. Matheus Carmo (UFJF)
O esforço de se compreender o contexto geográfico e cultural da memória dos ditos de Jesus, a forma como foram organizados teologicamente por seus primeiros seguidores, bem como o processo de transmissão das narrativas que deram origem ao material do Novo Testamento, e mesmo de textos não canônicos, pode nos oferecer uma visão mais robusta sobre as primeiras comunidades cristãs em sua diversidade. Nesse sentido, esse GT tem o objetivo de acolher pesquisas sobre materiais dos séculos III a.C. a III d.C., judaico-cristãos ou não, mas que possam enriquecer as reflexões sobre os cristianismos originários. São naturalmente bem-vindas as contribuições dos campos da História, da Teologia, das Ciências Sociais, dos Estudos Culturais e Literários, bem como da própria Ciência da Religião, destacando seu caráter multidisciplinar. Estudos filológicos e exegéticos dos judaísmos e cristianismos antigos deram início às Ciências da Religião na Europa juntamente com a História Comparada das Religiões e a posterior Fenomenologia da Religião. Logo, entendemos como importante a tentativa de se recuperar essa tradição junto à Ciência da Religião e em meio ao nosso atual contexto social e político, ainda que de forma crítica e atenta às metodologias mais recentes. Mantendo também em mente a importância do diálogo entre as pesquisas acadêmicas e a comunidade não acadêmica, essas reflexões podem também ser um rico material para os próprios grupos cristãos ou não que fazem parte de nossa sociedade atual, para a compreensão de suas narrativas, como são articuladas e incorporadas aos seus contextos específicos, em diálogo com o que podemos estimar das primeiras formulações cristãs entre as comunidades originárias. Em um momento em que leituras e posturas fundamentalistas, que se afirmam baseadas na literatura bíblica, têm se destacado, entendemos como produtivo o desenvolvimento de uma leitura mais atenta, crítica e madura dos textos bíblicos e seus contemporâneos.
GT 4 - RELIGIÃO E VIOLÊNCIA
Doutorando Jungley de Oliveira Torres Neto (UFJF)
Doutorando Rondinele Laurindo Felipe (UFJF)
Doutoranda Larissa Dantas (UFJF)
O objetivo deste Grupo de Trabalho é promover um debate qualificado em torno da temática: religião e violência. A abordagem poderá se desenvolver a partir de teóricos variados e abordagens metodológicas diversas, com ênfase nos seguintes eixos: violência no campo da vida política, cultural, econômica e da epistemologia; essas referidas instâncias tocam propriamente à religião e se repercutem. Abrir-se-á para abordagens da violência no campo simbólico, em que não há coação física, mas há danos morais, psicológicos, afetivos, e traços bem ‘violentos’ ao ser humano em sua afeição. As propostas ao GT podem enfocar em ‘estratégias’ de adotar uma postura anti-violenta, como, por exemplo: o caminho dialógico, interdisciplinar e inter-religioso. Como extensão da proposta do núcleo ETER, a proposição do GT dedica-se ao debate e ao estudo de teorias sobre a religião, com intuito de reunir professores, pesquisadores e estudantes interessados nessa temática supracitada, e, por conseguinte, em debatê-la. A proposta pode seguir tanto na linha da Filosofia e Epistemologia da Religião, quanto da Antropologia da Religião. Vertentes que pretendem investigar os aspectos filosóficos, históricos e sistemáticos da constituição da área de CR e debates contemporâneos sobre o tema, no que se refere ao nexo entre religião e violência. Pensar a religião sob os aspectos ambíguos da violência poderá ser promissor no sentido de buscar reflexões, às vezes polêmicas, mas não sem efeitos práticos para uma possível implementação didática de busca pela paz, respeito e tolerância entre os povos. Pensar nessa polêmica junção entre religião e violência, significa também investigar o conceito de violência e sua repercussão nos cenários religiosos. Semelhante questão, nos dará suporte para tentarmos responder o que é violência, ou como a violência se apropria do sagrado. E mais: Quais são as contribuições da Ciência da Religião para o tema? Movendo-nos na direção desses questionamentos buscar-se-á trazê-los para o campo da abordagem, debate e reflexão temática da: religião e violência ou, por extensão, religião e a atitude anti-violenta, de busca pela paz e dos direitos humanos. Neste desiderato, também será muito interessante proposições de abordagens fenomenológicas e hermenêuticas. Que investigam como pensadores da fenomenologia (tanto da religião como filosófica) e da hermenêutica podem auxiliar na interpretação da religião. Neste caminho, serão indagadas as contribuições para o entendimento e relação entre religião e violência numa aproximação hermenêutica e que busca outras fontes para se pensar o tema. Desse modo, o Grupo de Trabalho propõe uma discussão que se alinha com o evento “As Linguagens da Religião: artes, política e resistência”, promovendo um diálogo interdisciplinar que integra arte, política e práticas de resistência em busca de uma compreensão mais profunda e crítica da interface entre religião e violência.
GT 5 - TRADIÇÕES E RELIGIÕES ASIÁTICAS
Dr. Bruno do Carmo Silva (UFJF)
Dr. Matheus Landau de Carvalho (UFJF)
Há algumas décadas, é claramente perceptível uma certa ausência de realidades asiáticas nas graduações de Letras, Filosofia e Ciências Humanas do Ensino Superior brasileiro em geral, principalmente no âmbito do magistério, tanto como objetos de pesquisa, quanto como referenciais metodológicos de verificação ou reflexão que transcendem metodologias aplicadas e objetos de estudo circunscritos apenas às matrizes greco-romana e judaico-cristã. Este aspecto é importante para a(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões) pelo fato do interesse pelas realidades asiáticas terem constituído parte fundamental de seus primeiros momentos institucionais, pelo menos desde seu fundador formal no século XIX E.C., Friedrich Max Müller, estudioso de tradições religiosas da Ásia e editor – e também tradutor de alguns volumes – da coleção Sacred Books of the East [Livros Sagrados do Oriente], cinquenta volumes publicados em inglês pela Oxford University Press entre 1879 e 1910, compostos, entre outros, por fontes védicas, islâmicas, budistas, daoístas, mazdeístas e jainistas. O objetivo do GT Tradições e Religiões Asiáticas é reunir pesquisadores/as visando estimular os estudos e o diálogo em torno da pluralidade de tradições que se desenvolveram na Ásia como um todo, desde a Capadócia e a Palestina até os arquipélagos filipino, japonês e indonésio. Estes estudos podem ser compreendidos através: (1) de uma dimensão religiosa, expressa em práticas rituais e devocionais, narrativas mitológicas, sistemas de moralidade, projetos soteriológicos e produções artísticas; (2) de uma dimensão filosófica, identificada na investigação dos princípios metafísicos, ontológicos, lógicos, éticos e estéticos que caracterizam especulações de caráter cognitivo; e (3) de uma dimensão histórica, que englobe expressões socioculturais e literárias genuinamente asiáticas como objeto de análise de metodologias das Ciências Humanas, como a Sociologia, a Linguística, a Psicologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Teologia, a Geografia, a Literatura e a História. Seja qual for a dimensão da pesquisa, deve refletir iniciativas contemporâneas de compreensão e/ou revisão de vários estudos e realidades orientais, com a possibilidade de incluir processos de transplantação ou transnacionalização cultural, estudo comparado das religiões e perspectivas de diálogo inter-religioso. Neste sentido, o presente GT é um convite para o alargamento de horizontes teóricos e epistemológicos no intuito de apontar para o Homo historicus, o Homo aequalis, o zoon politikon, o Homo linguisticus, o Homo oeconomicus, o Homo geographicus, o Homo hierarchicus, o Homo psychologicus, o Homo sociologicus e o Homo religiosus, como possibilidades paradigmáticas do Homo sapiens sapiens capazes de transcender, no tempo e no espaço, as matrizes lógico-racionais, linguístico-semânticas e neuro-psicológicas oriundas do hemisfério ocidental, com vistas ao estímulo dos estudos e do diálogo em torno da pluralidade de tradições que se desenvolveram no continente asiático.
GT 6 - RELIGIÃO E DISSIDÊNCIAS SEXUAIS E DE GÊNERO
Dra. Ana Ester Pádua Freire (PUC-Minas)
Doutoranda Giovanna Sarto (UFJF)
Doutoranda Beatriz Oliveira(PUC-Minas)
“Toda teologia é sexual”: com essa afirmação, a teóloga argentina Marcella Althaus-Reid desestruturava a teologia hegemônica do seu tempo. Inspiradas por ela, a proposta de nosso GT é parte de uma aposta comprometida com o desejo – desejo de continuar problematizando os modos pelos quais gênero e religião se relacionam, a despeito das aparentes incoerências que os encerram, mas também a partir delas. Fissuras, rachaduras, brechas, experiência religiosa, dissidência, perversão, indecência são categorias que estão a todo tempo sendo ressignificadas, dentro de uma prática reflexiva que questiona os centros normatizadores e controladores da ideia de “normal”. Nesse sentido, este grupo de trabalho pretende ser, antes de tudo, um espaço onde possam ser discutidas, questionadas, experimentadas, nos mais variados formatos (comunicações de pesquisas, relatos de experiência, performances artísticas etc.), propostas que versem sobre a temática das dissidências sexuais e de gênero, na interface com a experiência religiosa. Serão bem-vindos trabalhos concluídos, ou em andamento, como também outras formas de comunicação que se orientem pelos estudos de gênero, perspectivas decoloniais, feministas, interseccionais, da teologia e da teoria queer, etc. Convidamos as pesquisadoras e pesquisadores a submeterem propostas que busquem tensionar as relações entre religião, gênero e sexualidade. Ao final, nosso interesse é de que essas discussões problematizem e tragam à luz da Ciência da Religião outras (re)existências que se situam e que construam outros repertórios, por meio da coragem, da criatividade e da esperança, como modos de produção de novas fissuras.
GT 7 - TEOLOGIA, RELIGIÃO E ESPAÇO PÚBLICO
Dr. André Yuri Abijaudi (UFJF)
Doutorando Felipe de Queiroz Souto (UFJF)
O presente GT se apresenta como ambiente de discussão sobre as interfaces entre teologia, religião e política. De forma geral, ao menos na América Latina, as relações entre religião e política tendem a se estabelecer sob tensões e desconfianças. Entretanto, é fato que as religiões atuam no espaço público e político de diversas maneiras, em diferentes lugares, adotando posicionamentos distintos. No Brasil dos últimos anos, por exemplo, foi possível testemunhar o nascimento de um projeto de poder gerado a partir da associação entre a fé cristã e o conservadorismo programático. Por outro lado, em décadas anteriores, o mesmo contexto latino-americano, no qual o Brasil estava inserido, testemunhou o nascimento das teologias latino-americanas, que carregavam um viés progressista, como as Teologias da Libertação e a Teologia da Missão Integral. Diante disso, é possível concluir que as relações entre religião e política são profundamente plurais, e geram diferentes perspectivas e olhares sobre o ambiente público e a sociedade. Além disso, essa relação sempre porta consigo uma reflexão teológica que a sustente, seja de caráter progressista, conservador ou neutro. Assim, este GT se objetiva à análise das diferentes teorias e reflexões – teológicas, filosóficas, sociológicas, históricas, antropológicas etc. – que se proponham a discutir e debater as diferentes manifestações proporcionadas por essa relação. Também é do interesse do GT observar como os diferentes grupos, a depender de suas matrizes e crenças, tendem a atuar e se comportar no espaço público. É de conhecimento geral que, como um país de maioria cristã, há no Brasil uma cultura de violência contra outras expressões religiosas, como as de matrizes africanas, que muitas vezes acabam subalternizadas e silenciadas no debate público. Por isso, o GT intenta, também, dar visibilidade e voz para as diferentes tradições religiosas, considerando a pluralidade do cenário brasileiro, a fim de contribuir para o enriquecimento deste debate.
GT 8 - FESTAS, RITUAIS E PERFORMANCES NO UNIVERSO CATÓLICO E EVANGÉLICO
Doutoranda Lívia Rabelo (UFRJ)
Doutoranda Amanda Moura Souto (UFRJ)
Doutorando Ramon da Silva Teixeira (UFRRJ)
Sem partir de uma noção reificadora de religião, isto é, que busque definir o fenômeno religioso a priori, nesse Grupo de Trabalho (GT) se está alinhado a uma perspectiva que busca refletir sobre a “religião vivida”, sobretudo, voltado à análise das práticas dos sujeitos no cotidiano, inseridas em seus múltiplos contextos social, cultural e religioso e as considerando de maneira relacional. Assim, frente às abordagens que enfatizam os contextos institucionais e seu caráter macro, este GT visa promover e ampliar discussões em torno de noções como festas, rituais, performances, religiosidades e práticas de devoção centradas nos diferentes espectros dos universos católico (p. ex., Comunidades Eclesiais de Base, Movimento Carismático; catolicismo Negro, entre outros) e evangélico (protestantismo histórico, pentecostalismo e neopentecostalismo), a partir do ponto de vista dos sujeitos e suas experiências. Consoante, portanto, às diversas linguagens pelas quais se manifestam o fenômeno religioso – seja na escrita, na oralidade, no corpo e na música –, incentivamos o envio de trabalhos que se utilizem das noções de “ritual” e “performance” de forma abrangente, incluindo festas, marchas, romarias e peregrinações, cerimônias e cultos, práticas de devoção, práticas artísticas, assim como trabalhos que estejam interessados em discutir as dimensões cotidianas e usuais dos aspectos religiosos católicos e evangélicos. Nesse sentido, buscamos reflexões acerca de dimensões materiais, imateriais e sensoriais nos contextos religiosos; formas, experiências, significados da devoção e do sagrado; simbolismos, afetos, valores e emoções partilhados em atividades culturais ou artísticas que tangenciam esses universos religiosos; prováveis conexões entre a arte, a política e as práticas religiosas; possíveis articulações com as experiências estéticas e religiosas na produção de festas, rituais, performances; os regimes e as políticas de memória/esquecimento nas práticas religiosas de modo geral e, especificamente, em suas imbricações, ambivalências e negociações entre os aspectos religiosos e artístico em contextos de políticas de patrimonialização. Valorizamos também pesquisas que contribuam na compreensão das hierarquias sociais desses contextos, que tratem da agência e protagonismo dos sujeitos a partir da intersecção entre classe, raça, gênero e sexualidade em diferentes etapas do processo de produção das atividades religiosas, como na organização, participação e nas percepções, sentidos e significados atribuídos a esse processo após a atividade realizada.
GT 9 - SAGRADO E A POESIA DA NATUREZA
Doutoranda Luana Telles (UFJF)
Doutoranda Daniela Sabará (UFJF)
Mestranda Nathália Medeiros (UFJF)
Doutorando Túlio Toledo (UFJF)
No contexto contemporâneo, a relação entre o humano, natureza e estética é um tema de grande relevância, especialmente quando examinada através da lente de uma crescente crise do projeto humanidade. Este Grupo de Trabalho (GT) propõe uma análise mito/poética sensível sobre as maneiras pelas quais as mais diversas e distintas tradições religiosas, espirituais e filosóficas representam a totalidade do mundo natural, considerando como essas representações podem influenciar e refletir nas nossas práticas culturais, políticas e nos ideais civilizatórios. O GT buscará abordar uma série de questões, incluindo a estética da paisagem, a ecologia das/nas religiões, a ética da natureza e a preservação do patrimônio natural. Convidamos pesquisadores e pesquisadoras de áreas como Ciências da Religião, Filosofia, Artes, Literatura, História, Teologia, Geografia, Psicologia e Sociologia a contribuir com suas perspectivas sobre os seguintes tópicos: (i) as múltiplas manifestações mitológicas/cosmológicas da natureza e suas representações sagradas/estéticas (ii) reflexões que problematizem as compreensões das cosmologias/mitologias e a domesticação da natureza (iii) análises que versem sobre sistemas de pensamento, tais como, politeísmos, panteísmos, animismos e suas relações com o mundo natural divinizado. Partindo do tema geral do VIII Congresso Nacional de Ciência da Religião – CONACIR 2024, "Linguagens da Religião: Arte, Política e Resistência", este GT busca investigar como a estética da natureza pode servir como um veículo de reflexão e transformação social. Através do diálogo sobre a pertença, a beleza e a contemplação da natureza, convidamos todos e todas a se juntarem neste debate enriquecedor sobre como as múltiplas e heterogêneas representações da natureza podem contribuir para uma compreensão mais profunda e crítica da nossa atuação no mundo, oferecendo novas perspectivas que fomentem práticas ressignificadas do habitar humano na Terra.
GT 10 - RELIGIÃO, ARTE E MATERIALIDADES: NOVOS DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE ESTUDOS
Doutoranda Mara Bontempo Reis (UFJF)
Doutorando Daniel Carvalho da Silva (PUC-Goiás)
Me. Rodrigo Nogueira Martins (PUC-Minas)
Este Grupo de Trabalho (GT) visa receber pesquisas que explorem a relação entre religião, arte, materialidades religiosas, ritos, espaços sagrados e práticas devocionais. O intuito é fomentar discussões que considerem os diversos aspectos dessas relações. Além disso, a proposta deste GT é enfatizar as formas materiais de produção de significado e experiência religiosa. Materialidade religiosa diz respeito à esfera material, isto é, os elementos físicos assumidos pelas diversas tradições religiosas, como objetos litúrgicos ou de devoção, espaços e construções arquitetônicas sagradas, arte sacra, ex-votos, totens e outros. Os estudos envolvendo religião material visam entender como os indivíduos experimentam e vivenciam as religiões por meio dos objetos e suas configurações. É fundamental ressaltar a importância dos estudos sobre materialidade religiosa, uma vez que essa dimensão é crucial para a formação das identidades, crenças, grupos e comunidades religiosas (Meyer, 2019). Meyer argumenta que, ao se conduzirem pesquisas sobre materialidades religiosas, deve-se partir do pressuposto de que os objetos, com seus valores, funções e usos, não são meramente complementares às religiões, mas sim aspectos indissociáveis delas. Isso porque os objetos não são apenas passivos; eles estão constantemente envolvidos, interagindo e sendo influenciados, desempenhando, assim, um papel fundamental e, em alguma medida, até constituidor das relações humanas, interculturais e com o transcendente. Os cultos religiosos coletivos prescindem sempre de espaço, corpo, tempo e símbolos materiais extraídos da natureza, como água, terra, óleo, pão, chás, pedras, entre outros. As práticas religiosas individuais, de modo geral, empregam objetos como o masbaha, a imagem de um santo ou uma vela. De igual modo, portar uma guia, uma cruz, um traje branco ou um quipá, além de revelar a crença religiosa do portador, o inclui em um determinado coletivo onde ele se reconhece e é reconhecido. Toda a arte produzida pelos mais diversos povos está, em maior ou menor medida, entrelaçada com as religiões existentes naquela cultura. É inegável, portanto, a intersecção entre religião, arte e a cultura humana. Vale sublinhar que somente os seres humanos são religiosos, criam e valorizam a arte, além de serem impactados por ela. Desse modo, religião e arte são fundamentais na construção de significados e identidades, baseando-se tanto na materialidade quanto no simbólico. Considerando o exposto, este GT pretende reunir trabalhos de pesquisadores (a) que buscam investigar as diversas articulações entre religião e arte, a partir das materialidades, em suas diferentes configurações, propondo debater e apontar novos desafios e possibilidades de estudos.
GT 11 - RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E EDUCAÇÃO
Doutoranda Vitória Marques Bergo (UFJF)
Doutoranda Waldineia Teles Pereira (UERJ)
Relações étnico-raciais, religiões de matriz africana e educação: uma macumba que dá certo? Trazemos esta provocação para promover a reflexão sobre a inserção destes temas no campo da educação, tanto pensando as relações educativas a partir do espaço escolar, bem como problematizando a produção do conhecimento científico e suas repercussões na sociedade brasileira. Assim, questionamos e identificamos limites e desafios epistêmicos e suas consequentes injustiças cognitivas e sociais que provocam o apagamento das religiosidades afrobrasileiras na cultura e na educação, que longe de seus significados reais, são interpretadas sob uma ótica colonial, reduzindo a compreensão de macumbas como práticas que são historicamente marginalizadas. O Grupo de Trabalho (GT) visa promover um debate e diálogo acadêmico sobre as religiões de matriz africana no contexto da educação e da ciência da religião. A proposta abrange a análise das representações dessas religiões nos currículos escolares e outros processos educativos, reconhecendo-as como espaços essenciais para a formação de subjetividades e identidades que impactam a vida em sociedade e o ambiente escolar. O GT busca trabalhos que investiguem o Ensino Religioso e áreas afins, como história, geografia, artes, literatura, filosofia e sociologia, enfocando o combate ao racismo religioso, à intolerância religiosa e o cumprimento da Laicidade, bem como denunciando as relações de exclusão e violência associadas. Além disso, interessa-se por pesquisas que explorem as cosmovisões religiosas afro-brasileiras, considerando seus rituais e espacialidades como formas pedagógicas de transmissão de saberes além dos espaços sagrados.
GT 12 - DIALÉTICA E CRÍTICA DA RELIGIÃO
Me. Klinger Scoralick (UFJF)
Mestrando Yan Paixão Willemem Sterck (UFJF)
Mestrando João Victor de Souza Silva (UFJF)
Há uma contínua recorrência de homens e mulheres que, ao longo do tempo, pensaram a, com e na religião; promovendo, assim, múltiplas formas de abordagem do fenômeno religioso que, por vezes, apresentam-se de maneiras contraditórias entre si. Neste ínterim, a religião não foi apenas recebida de modo acrítico, porque, historicamente, a sua recepção também fora caracterizada por um pensar crítico que se conecta com um pensar dialético, manifesto por acepções próprias de cada teórico, reverberando, portanto, suas particularidades e acomodações. A finalidade do GT Dialética e Crítica da Religião é agregar, portanto, pesquisadores/as em torno dos estudos acerca do uso da dialética enquanto método filosófico na análise crítica dos fenômenos religiosos. Ademais, tem-se como pretensão abordar uma relação dialética — ainda que não estruturada como método — com a religião, que se manifesta no pensamento e nas vivências de filósofos, teólogos e poetas, no decorrer da história. Os estudos podem ser seccionados de quatro formas: perspectiva (i) interna e (ii) externa; ênfase (iii) filosófica e (iv) teológica. A perspectiva interna (i) se refere à dialética no interior das manifestações religiosas, como crítica que nasce no espaço religioso, relacionado à reformadores e profetas, além de teólogos críticos. Por outro lado, a perspectiva externa (ii) se dá no uso da dialética na análise da religião feita por aqueles “de fora”, como ferramenta de crítica cultural, política, social e filosófica. Nessas perspectivas, a ênfase filosófica (iii) se apresentaria como um estudo voltado para a crítica no campo racional da própria disciplina filosófica, sendo, por conseguinte, tanto focada no método dialético, sua acepção e uso na crítica, quanto na crítica filosófica em si e seus conceitos associados. Enquanto a ênfase teológica (iv), no que concerne à crítica da religião, articula-se no âmbito da disciplina de teologia, entendida como confessional ou acadêmica, numa compreensão dialética da mesma, incluindo os conteúdos teológicos manifestos no gênero da poesia, exempli gratia.