Grupos de Trabalho

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ATENÇÃO: Para propor comunicação ou banner serão aceitos apenas DOIS proponentes por trabalho: um autor e um co-autor.


CADERNO DE RESUMOS:
https://drive.google.com/open?id=0B-M_Dkejb5FWSkt5dnpEd3hMVXVXNEt2SkZPci1sU0lQLUdB

GT 1 - Candomblé, Resistência & Poder

Geferson Santana de Jesus, Mestrando em História, UNIFESP
santanageferson@gmail.com

O objetivo deste Grupo de Trabalho (GT) é promover o debate no campo das pesquisas históricas e historiográficas com estudantes (nível de graduação e pós-graduação) e docentes (níveis básicos e superior), sobre os cultos de Candomblé no governo Vargas. As investigações de assuntos dessa natureza no Brasil despertaram o interesse principalmente dos etnógrafos brasileiros nos anos de 1930 e 1940. O contexto pós-1930 propiciou no Brasil a abertura do campo de estudos de cultura popular e religião afro-brasileira. Vale destacar nesse período o trabalho do grupo de jovens intelectuais na época integrado por Édison Carneiro (publicou neste período Negros Bandos, Religiões Negras, artigos em periódicos e anais de eventos) e Aydano do Couto Ferraz (publicou artigos em periódicos e anais de eventos). Esse grupo de intelectuais ficou conhecido como o da “Escola de Nina Rodrigues”. Entre os intelectuais brasileiros, também vale ressaltar os estudos culturais e religiosos afro-brasileiros no mesmo período por Arthur Ramos. Na literatura brasileira surgiram romances como Jubiabá (1935), onde Jorge Amado traz à luz os problemas enfrentados pelos fiéis praticantes das religiões de matriz africana no cotidiano da cidade de Salvador-BA.  O enredo de Jubiabá que tratava das questões raciais e étnico-religiosas teve uma intensa repercussão entre os intelectuais brasileiros dos anos de 1930 e 1940. Os terreiros e o “povo de santo” de Candomblé foram alvos da repressão policial e do governo nos séculos XIX e XX, embora a Constituição Brasileira de 1934 garantisse a liberdade de crença e culto religioso, contanto que não transgredisse a ordem pública. Tendo como base esta brecha constitucional, muitos terreiros foram denunciados às autoridades policias devido aos batuques dos tambores e demais instrumentos musicais usados nas festas do povo de santo. A questão da repressão e valorização dos terreiros enquanto elemento cultural brasileiro foi articulada no I e II Congressos Afro-Brasileiros, ocorridos respectivamente em Recife (1934) e Bahia (1937). Eles foram espaços importantes de articulação dos debates relacionados aos negros como suas culturas, mestiçagem, identidade nacional ou liberdade religiosa. Neste sentido, as propostas de comunicação para este simpósio precisam estar atentas às questões que giraram em torno do “povo de santo” no governo varguista como perseguição policial seguida de prisão e apreensão de objetos religiosos, prisão de lideres religiosos por prática de magia e cura, as questões raciais e étnico-religiosas.


GT 2 - Catolicismo e suas vertentes históricas no campo religioso brasileiro.

Nilza Maria Pacheco Borges, Doutoranda, PPCIR – UFJF
nilzampb@gmail.com
Mariana de Matos Ponte Raimundo, Doutoranda - PPCIR

A Igreja Católica, segundo Mariz (2003), é exemplo de organização graças à sua capacidade integrativa por apresentar dispositivos que permitem uma diversidade controlada, que mantém o diálogo e evita rupturas, criando espaços que agregam subestruturas, subgrupos e comunidades autônomas sem perder sua unicidade e sua identidade. Dessa maneira, os estudos do catolicismo devem contemplar a “porosidade” da religião majoritária com as de origem afro-brasileiras e mediúnicas, assim como com a “nebulosa místico-esotérica” dos “novos movimentos religiosos”, new age, pentecostalismo, “orientalismos” e “neo-esoterismos”, que ocupam o panorama religioso atual (CAMURÇA, 1998). O GT pretende discutir pesquisas que tratam sobre os movimentos católicos – políticos, sociais e artísticos – que compõem o cenário religioso brasileiro em seus aspectos sincréticos e híbridos entrelaçados à outras formas de crença.



GT 3 - Contemporaneidade e espiritualidade

Douglas Willian Ferreira, Doutorando em Ciência da Religião, UFJF
douglasinvictus@hotmail.com
Tatiene Ciribelli Santos de Almeida, Doutoranda em Ciência da Religião/ UFJF

O GT Contemporaneidade e espiritualidade objetiva reunir pesquisadores que investigam sobre as diversas concepções de espiritualidade no contexto contemporâneo. Desse modo, considera-se também pertinente a discussão sobre as distintas formulações do fenômeno religioso, como por exemplo, a forte tendência de racionalização da fé que culmina, muitas vezes, no surgimento de espiritualidades laicas e céticas. Não somente nesse âmbito, as discussões do GT se abrem, também, para a compreensão da espiritualidade do homem religioso, crente e íntimo da experiência com o Divino. Nessa perspectiva, valorizar-se-á pesquisas que proporcionam o diálogo entre filosofia e religião, psicologia e religião e, mesmo, a experiência mística da espiritualidade. Como principais objetivos se propõe: a valorização do fenômeno religioso como fundamento da experiência espiritual; a análise das transformações provocadas pela espiritualidade na vida do homem contemporâneo; o reconhecimento e o diálogo com as diversas manifestações espirituais, incluindo sua vertente ateísta, cética e também laica, que caracteriza a pluralidade do século XXI; apresentar a espiritualidade como possibilitadora da superação da violência em suas diversas manifestações; avaliar a centralidade da espiritualidade na prática religiosa e social; destacar a espiritualidade como fundamento do diálogo entre as religiões e da fuga dos fundamentalismos e, por fim, refletir acerca da importância do estudo da espiritualidade na Ciência da Religião.


GT 4 - Contracultura e religião

Vinicius Tobias de Souza, Mestrando em Ciência da Religião, UFJF
vinitobias00@yahoo.com.br
Igor Alves Santos Alves, Doutorando em Estudos Literários e Representações Culturais - UFJF

Esse Grupo de Trabalho tem por objetivo reunir estudos que tratem da relação entre contracultura e religião. Entende-se por contracultura as ações culturais pulverizadas, que a partir da década de sessenta em todo o espectro artístico, aglutina a linguagem do dissenso, da transgressão e da inversão de valores. Por diversos movimentos a marginalidade simbioticamente ligado à cultura de massa e à industria cultural, aparece como valoração e primeira bandeira do fazer artístico. O artista para de se colocar e de ser visto como figura cívica para se apresentar como figura contestatória, se “rebaixando” ao nível dos bandidos, dos marginais e defendendo essa identidade até as ultimas conseqüências. A capacidade de desconstruir, de desfazer e de tresloucar é valorizada e capitaneada. Tudo que é normativo deve ser atacado, e isso mesmo o caracteriza como uma resposta à violência simbólica e classificatória que elege padrões de comportamento e acaba por aplicar duras penas no dia a dia e nas instituições a todos que não se encaixam. Esse movimento carrega em si um caráter religioso: a contracultura se mostra “espiritualizada” ou preocupada com relações religiosas, apresentando tanto apropriações como embates com o discurso religioso. Em uma mão dupla, o cristianismo é atacado ao mesmo tempo em que se transforma Cristo “no primeiro hippie”, “no primeiro revolucionário” em “o maior dos pacifistas”, e em base legitimadora para os discursos dos oprimidos. Há também uma fusão sinérgica dos grupos musicais e a cultura New Age, que constrói um esoterismo a partir da bricolagem e uma mística dos psicodélicos e isso tanto faz parte desse processo artístico quanto é ironizado por ele. Algumas religiosidades minoritárias ao tentarem se estabelecer travam forte diálogo com essa cultura e vêem nela um caminho para sua inserção. Atacando francamente os valores de pró-atividade, trabalho e progresso, o assim dito “pensamento oriental”, além de fazer parte desse mosaico compõe um lugar onde é exaltado o “nada fazer”, o “deixar acontecer” e a vagabundagem. Portanto, quaisquer abordagens que tratem e toquem nessas relações são bem-vindas.


GT 5 - Cristianismo e espaço publico: aspectos políticos e sociais

Reinaldo Azevedo Schiavo – doutorando em Sociologia (IUPERJ)
reinaldomatipo@yahoo.com.br
Fabrício Roberto Costa Oliveira – doutor em Ciências Sociais (UFRRJ)

A religião e, consequentemente, as instituições religiosas possuem uma considerável influência pública, estabelecendo laços sociais entre indivíduos, determinando normas de conduta e preceitos morais, legitimando e/ou deslegitimando ações coletivas e definindo pautas de debates políticos na ágora. As organizações sociais e políticas não estão isentas das influências do campo religioso, pois a religião, com seus sistemas de práticas e representações, está fortemente relacionada à ordenação do mundo e à estruturação das sociedades. Partindo dessa premissa, a proposta desse Grupo de Trabalho é debater pesquisas sobre a relação entre igrejas cristãs (católica, protestantes, (neo)pentecostais) e a organização/estruturação do espaço público. Serão aceitos trabalhos que abordem a relação e influência de denominações cristãs com a política, com os movimentos sociais, com os sindicatos, com as associações de bairros, etc. Também serão aceitas as pesquisas que analisam a influência do discurso religioso nos debates sobre temas de grande relevância para a ordenação do espaço público como, por exemplo, redução da maioridade penal, homofobia, gênero, corrupção, drogas, alcoolismo, dentre outros.



GT 6 - Diversidade religiosa e os caminhos da intolerância

Maria Luiz Igino, Doutoranda, PPCIR/UFJF
mlieteja@yahoo.com.br
Sônia Regina Corrêa Lages, Profa. Dra. Departtamento Ciência Religião/PPCIR/UFJF

A diversidade religiosa no Brasil é vista de forma positiva pela maioria dos brasileiros, que exaltam as diferentes experiências como compondo um cenário de saudável convívio entre os diversos povos que teceram a identidade nacional. No entanto, a convivência da diversidade mostra uma outra realidade que vem sendo marcada, historicamente, por violências contra diferentes crenças religiosas, a indígena, a africana, a judaica. Violências essas, que incluíram desde a conversão forçada, o constrangimento, a discriminação, até a morte. A partir desse contexto, pretendemos colocar em debate: as motivações da intolerância religiosa que se fundamentam no discurso religioso; os territórios da intolerância, incluindo os midiáticos; fundamentalismos e violência contra as religiões e religiosidades afro-brasileiras; preconceito e discriminação contra as diferentes identidades religiosas; as políticas públicas de combate à intolerância religiosa no Brasil; os movimentos internos de des-sincretização das religiosidades afro-brasileiras; o trânsito religioso como estratégias contra a discriminação.


GT 7 - Ensino Religioso: intolerância e educação

Nathália Ferreira de Sousa Martins, Mestranda em Ciência da Religião, UFJF
nathsousa_martins@hotmail.com
Juliana Rogel de Souza, Mestranda em Ciência da Religião UFJF

Este Grupo de Trabalho procura atrair pesquisas que tratam sobre o Ensino Religioso (ER) nas escolas públicas do Brasil para um debate reflexivo e analítico deste componente curricular com a pretensão de ser um espaço para a abordagem de temas como educação, violência e religião. Sobretudo, como o ER pode minimizar a intolerância religiosa nas escolas a partir do entendimento dele como uma área do conhecimento que tem por objetivo promover um (re) conhecimento do outro, com suas diferenças e similaridades, que visa produzir práticas de respeito e tolerância. A relevância do ER para a formação crítica do cidadão justifica-se também no fato que inúmeras expressões religiosas presentes no cenário brasileiro convivem por vezes em relações de tensão entre si e com a sociedade, buscando legitimar seus discursos e doutrinas, extrapolando o âmbito privado. Nesse sentido, esse GT abarca temáticas variadas que envolvam o diálogo entre religião e educação com o propósito de entender e analisar a configuração do ER na atualidade, seus avanços e perspectivas principalmente neste momento onde este componente curricular aparece pela primeira vez na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Assim, trabalhos que pesquisam os aspectos curriculares, práticos, didáticos, epistemológicos, de formação e capacitação docente do ER serão bem-vindos a esse debate.


GT 8 - Espiritualidade e saúde

Fábio Leandro Stern, Doutorando em Ciência da Religião, PUC-SP
caoihim@gmail.com
Ana Luísa Prosperi Leite, Mestranda em Ciência da Religião (PUC-SP).

Em 1983, a Organização Mundial de Saúde, na 101ª sessão da Assembleia Mundial de Saúde, alterou o conceito de saúde, distanciando-o da simples noção de “saúde como ausência de doença” para incluir a dimensão do bem-estar social e da cura espiritual. No entanto, a formação acadêmica dos profissionais da saúde não lhes capacita para o cuidado espiritual, o que gera a demanda por um intercâmbio entre a figura social do profissional da saúde biológica (médico, enfermeiro, psicólogo, naturólogo etc.) e a figura social do terapeuta espiritual (padre, médium, xamã, sacerdotisa, pastor, mãe de santo etc.). Esse intercâmbio ainda enfrenta muita resistência na sociedade médica. Há uma postura na biomedicina de considerar o aspecto religioso da cura como “questão de fé”, “crendice” ou até mesmo “charlatanismo”, dificultando muitas vezes o acesso dos terapeutas espirituais aos enfermos. Mesmo entre médicos religiosos é adotada uma postura comum de distanciamento da própria fé quando no exercício de suas funções. A relação histórica pós-renascentista da biomedicina frente às religiões, visando esmiuçar o corpo humano, debruçando-se exaustivamente na dimensão física em detrimento das dimensões sociais, emocionais, espirituais e energéticas do processo de cura, foi um dos grandes produtores desse tipo de abordagem, e ainda faz valer seu peso de influência sobre a área da saúde de modo geral. O presente GT pretende explorar essas dimensões, debruçando-se sobre a questão da interface entre espiritualidade e o contexto da cura. Serão também aceitos trabalhos que tratem da dimensão simbolicorreligiosa do processo de saúde e adoecimento, etiologias míticas, cura espiritual, medicinas tradicionais/populares, medicinas religiosas, práticas integrativas e complementares, healing e curing, curas/terapias energéticas, e concepções de “energia” nos diferentes sistemas de cura e crescimento pessoal; de qualquer religião ou espiritualidade.


GT 9 - Estado, Espaço e Práticas religiosas: administração de conflitos e luta por direitos

Vinícius Cruz Pinto, doutorando em Antropologia, PPGA/UFF
vcruzpinto@gmail.com
Carliane Sandes Alves Gomes, mestranda em geografia PPGEO/ UERJ

O GT propõe, como objetivo geral, promover o debate sobre as relações que implicam o Estado, suas instituições, seus mecanismos de controle e as práticas dos agentes em relação aos conflitos que se estabelecem no espaço público motivadas geralmente por práticas religiosas. Desta maneira um dos enfoques será uma análise do ponto de vista institucional da administração de conflitos. Quais as perspectivas daqueles que administram conflitos de motivação religiosa? Quais práticas religiosas e símbolos que são naturalizadas? O segundo eixo será buscar trabalhos que versem sobre manifestações religiosas coletivas que adotem como palco o espaço público e suas formas de apropriação, assim como manifestações de caráter político enquanto reivindicação de direitos. O terceiro eixo propõe debater as relações de resistências, na qual a discussão e reflexão, onde os espaços públicos tornam-se palcos de liberdades de expressão; construindo Lugares/ Territórios de narrativas de ação e combate de diferenças e pluralidade religiosa. Os trabalhos poderão apresentar debates metodológicos e pesquisas de cunho etnográfico em diferentes fases, ou que busquem refletir/relativizar conceitos como “espaço”, “território”, “público”, “Estado” e “intolerância religiosa”. A importância deste GT se dá devido ao crescimento de trabalhos acadêmicos sobre o tema; crescimento de organizações que pautam e reivindicam em suas agendas políticas o combate à “intolerância religiosa”; assim como notícias na grande mídia sobre conflitos de natureza religiosa em diferentes espaços.


GT 10 - Estados Unidos: Religião, Cultura, Política e Sociedade

Julia Junqueira, Doutoranda, UFJF
juliamjunqueira@gmail.com
Andréa Silveira de Souza, Doutoranda UFJF

O Grupo de Trabalho “Estados Unidos: religião, cultura, política e sociedade” reúne trabalhos cujo eixo temático central seja religião e Estados Unidos. Buscamos com este GT dar prosseguimento às discussões iniciadas na edição anterior do congresso constituindo-o como mais um canal que promova o encontro e o diálogo entre pesquisadores que estudem, através das mais diversas abordagens, a sociedade norte-americana e seu respectivo, e amplo, campo religioso. Desta forma, esperamos trabalhos que discutam as relações entre religião, política e sociedade nos Estados Unidos: relações entre igreja e Estado; religião, espaço público e sociedade; fundamentalismo religioso, religião e ciência; religião e identidade nacional; diversidade religiosa, religião e cultura; religião e literatura, cinema arte; entre outros que se insiram nestas perspectivas. Acreditamos que seja importante a compreensão do fenômeno religioso e seu desenvolvimento nos Estados Unido sendo este um dos principais centros de formação e fomento da fé cristã protestante. Podem ser contemplados trabalhos das diferentes áreas das ciências humanas e sociais, como a Ciência da Religião, Filosofia, Sociologia, História, Teologia, Psicologia, e seus respectivos enfoques teóricos e metodológicos, e que tenham como foco as relações entre religião, cultura e sociedade nos Estados Unidos, desde de seu período de formação até a contemporaneidade.


GT 11 - Etnografia e Religião: Desafios e Possibilidades do Método Etnográfico no estudo das Religiões

Waldney de Souza Rodrigues Costa, Doutorando em Ciência da Religião, UFJF
dnney@ibest.com.br
Delano de Jesus Silva Santos, Doutorando em Ciência da Religião, UFJF

A etnografia é um método de pesquisa tipicamente antropológico que enfatiza o estudo de discursos e práticas em um contexto específico, valorizando o contato direto com os grupos pesquisados através da observação participante. Surgido no séc. XIX, tal método desenvolveu-se sobremaneira, revelando-se eficaz na produção de conhecimento. Tanto que recentemente passou a ser empregado em variados campos do saber, tais como a Educação, as Ciências do Esporte, os Estudos Organizacionais, e o próprio campo da(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões). Nessa transição da Antropologia para outras disciplinas, surge o desafio de não apenas manter os pressupostos do método, mas também refletir sobre suas potencialidades e possíveis limitações, contribuindo com seu próprio desenvolvimento. Diante desse contexto, esse Grupo de Trabalho pretende promover o diálogo entre pesquisadoras e pesquisadores que utilizam o método etnográfico para o estudo das mais variadas formas de religião. Serão privilegiadas propostas que destaquem como o método proporcionou novas percepções sobre temáticas pesquisadas – ocasionando o acesso a novos dados, por exemplo – e/ou que descrevam situações que desafiem essa própria proposta metodológica, o que pode ir de gafes e peripécias vividas em campo a dilemas éticos e ontológicos emergentes em meio à pesquisa com religiões.


GT 12 - Expressões religiosas e suas perspectivas históricas: da antiguidade até meados do sec. XX

Bruna Corrêa Assis / Humberto Miranda de Campos, Mestranda de Ciência da Religião / Mestrando em Ciência da Religião, UFJF / UFJF
Humberto Miranda de Campos, Mestrando em Ciência da Religião
bnaesp@gmail.com / 1bertorj@gmail.com

Constata-se que o enfoque dos grupos de pesquisa no Brasil têm sido predominantemente no cristianismo, tradições de origens africanas, espiritismo (kardecismo)/ espiritualismo. As pesquisas que pretendemos reunir estão focadas nas religiões e movimentos místico-esotéricos de base politeísta, monoteísta e ateísta na Europa, no Egito, no Oriente Próximo e na Ásia, até meados do século XX. Sob este ângulo, estão incluídos a saber: hinduísmo, xintoísmo, teosofia, hermetismo, alquimia, budismo, taoísmo, cabala, magia/feitiçaria moderna e demais expressões esotéricas/mágicas. Intencionamos, com isso, inaugurar um espaço frutífero para o crescimento de debates neste campo plural de enfoque inclusivo. Constitui ainda outro objetivo, fomentar, futuramente, novos desdobramentos que solidifiquem este GT como recorrente em futuras edições do congresso. Metodologicamente, entendemos que todos os trabalhos realizados nesses nichos consideram de alguma maneira uma perspectiva histórica. Sendo assim, privilegiaremos aqueles que não tenham uma leitura chamada “orientalista”, preferindo-as abordar sob a ótica da História da Religião ou da Ciência da Religião, ou ainda, a partir da Análise do Discurso em uma perspectiva tal qual C.G.. Jung ou M. Foucault, ou em uma perspectiva dos Estudos Culturais com base na teoria de J. Derrida, E. Said, e, também, é possível incluir nesse leque as abordagens de Campbell e Mircea Eliade. Desta forma, este grupo justifica-se por, em primeiro lugar, suprir, de forma direta, uma demanda da área de ciência(s) da(s) religião(ões); e, em segundo lugar, ampliar o escopo dos trabalhos e/ou pesquisadores apresentados nas edições do congresso.


GT 13 - Filosofia, Literatura e Religião

José Antônio Santos de Oliveira, mestrando PPGCIR/UFS
antoniolliver@gmail.com
Moacir Ribeiro da Silva, mestrando PPGCIR/UFS

O presente GT objetiva reunir pesquisadores na área de filosofia, literatura e religião, constituindo-se um espaço de debate para partilhar conhecimentos afim de ampliar a construção e compreensão de sentido da experiência religiosa do homem contemporâneo. O arcabouço teórico-metodológico se constituirá a partir da fenomenologia, da hermenêutica e da literatura. O intuito é fazer uma intersecção entre os diferentes campos do saber, afim de realizar um estudo sistemático interdisciplinar da experiência religiosa no mundo atual. A fenomenologia nos ajuda a perceber como a experiência religiosa se fez presente em todo o percurso histórico da humanidade, e como o sagrado tem sido especulado dentro do pensamento filosófico, tanto quanto a sua influência na literatura. Dessa forma, poderemos compreender, a partir da literatura e a sua relação com o sagrado, a consciência humana e sua busca de sentido para a existência. A realização de sentido está intrínseca à condição humana; e o ser humano, com suas produções e interpretações do mundo ou de “mundos”, elabora um universo de sentido que revelam um sentido religioso. Trabalhos que versem sobre essa temática serão bem vindos, no afã de elaboramos um panorama acerca da pesquisa no campo das Ciências da Religião e o seu diálogo com as outras dimensões das atividades humanas.


GT 14 - Gênero e religião: tramas socioculturais em espaços plurívocos

Ana Luíza Gouvêa Neto, Doutoranda, UFJF
analu172@hotmail.com
Andiara Barbosa Neder, Doutoranda UFJF

Atualmente as relações interpessoais se delineiam e se articulam nos mais diversos ambientes sociais e virtuais. Tais contextos, que se apresentam em trânsito perene, trazem intrinsecamente questões relativas a gênero e religião. Questões essas que se definem histórica e socialmente em ambiente culturais, onde absorvem e tramitam entre tais influências presentes no meio. Destarte, discutir as relações de poder que se constroem no interior do espaço religioso e levantar questionamentos acerca de como essas relações refletem movimentos na área de gênero, se mostra de suma importância. Principalmente se observarmos os contextos nos quais os indivíduos envolvidos nessas relações de poder se articulam. A religião, como sistema de sentido, influencia na maneira dos sujeitos se reconhecerem na sociedade, construindo identidades e contextos hierárquicos sexuais. Este GT objetiva suscitar discussões em torno das relações entre gênero e religião considerando os espaços diversos onde tramitam e se articulam, tangenciando ademais seus possíveis desdobramentos socioculturais.


GT 15 - Religiões e Política: tradição e novas manifestações do sagrado no âmbito secular.

Edgar Luiz Felipe da Silva – mestrando UFJF
edgarluizxxi.blogspotmail@yahoo.com.br
Maria Cecília Simões, mestrando - Pós-doutorando, UFJF
ceciliasrs@yahoo.com.br

Uma linha tênue se antepõe ao observarmos que em distintas etapas da história percorreram homens (ou mulheres) que foram revolucionários (as) ao alicerçarem a prática de uma religiosidade com uma atuante re-estruturação das bases políticas sobre a sociedade em que viviam. Política para os antigos era a arte de governar como um reflexo exterior da arte de governar a si mesmo; porém, quanto aos nossos contemporâneos na dita modernidade/pós-modernidade foram poucos em compreender o labor dessa arte. Despossuída desses antigos valores, a linha tênue entre Religião e Política se fracionou gerando secularizações, um caráter frágil a modernidade/pós-modernidade como força fragmentadora para qualquer indivíduo que se queira integro sobre seu papel em sociedade. O enfoque deste GT é reunir trabalhos interessados nos aspectos tanto teóricos quanto empíricos das novas ou tradicionais expressões religiosas e sua tênue relação entre Religião e Política, e analisar a partir das áreas da(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões), perspectivas de relações dessa abordagem.


GT 16 - Hermenêuticas bíblicas na (des) construção de contexto sociais

Joilson de Souza Toledo, Mestre em Ciências da Religião, PUC GOIÁS
mistagogo@yahoo.com.br
Maria de Fátima Castelan, Mestre em Educação, UFES - Coordenação Nacional do CEBI
fatinhacastelan@yahoo.com.br

As religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo) constrõem/justificam suas práticas a partir de seus livros sagrados. A Bíblia se apresenta como uma fonte que tem legitimado as mais diversas posturas e escolhas (ARENS, 2014). Ela se constituiu como um livro estruturado e estruturante de práticas sociais (BOURDIEU, 2007). Ao mesmo tempo nasce e vem sendo recebida em determinados contexto socais, por outro lado (des)constrói cenários e conjunturas sociais. Em se tratando de relatos e narrativas da literatura sagrada de judeus e cristãos é possível reconhecer iniciativas e argumentações que expressam e validam atitudes de violência, intolerância, libertárias, progressistas e conservadoras de pessoas, grupos e igrejas apresentam-se fundamentadas em determinadas interpretações do que estes têm por Sagrada Escritura. Busca-se uma aproximação de textos considerados sagrados tendo em vista um acesso “à materialidade e à vida das pessoas e grupamentos humanos que projetaram em textos suas realidades, utopias, interdições, leis, etc.” (REIMER, 2008). Este GT se propõe a acolher comunicações que abordem hermenêuticas da libertação, negras, indígenas, feministas, gays, leitura bíblica a partir dos jovens e a leitura popular da bíblia, bem como leituras fundamentalistas e/ou neopentecostais. Abordando a relação que grupos e pessoas têm com seus textos sagrados desejamos aproximar-nos dos fenômenos religiosos que possibilitam posturas violentas, autoritárias, libertadoras, revolucionárias ou conservadoras.


GT 17 - História do Esoterismo Ocidental

Marcelo Leandro de Campos, Historiador, Mestrado em Ciências da Religião, PUC Campinas
mlcampos_2005@hotmail.com

A proposta deste Grupo de Trabalho é contribuir com trabalhos e pesquisas que dialoguem em algum nível com as formulações metodológicas e conceituais do campo de História do Esoterismo Ocidental. Desde o final da década de 1990, com a formação da ESSWE (European Society for Study of Western Esotericism), uma rica produção acadêmica tem se debruçado sobre as influências e dinâmicas das correntes mágico-herméticas e esotéricas no ambiente de constituição e afirmação da moderna cultura ocidental, trazendo importantes contribuições para a história cultural do Renascimento, do Iluminismo e da emergência das novas espiritualidades a partir da década de 1960. Autores como Wouter Hanegraaff, Antoine Faivre, Kocku Stuckrad e Paul Heelas são referências de crescente importância em trabalhos nos campos de antropologia, sociologia, história e ciências da religião, e esse campo tem conquistado um importante espaço em eventos da IAHR (International Association for the History of Religion). No Brasil o campo de História do Esoterismo Ocidental é ainda pouco conhecido; de forma pioneira, seus autores têm sido tema de algumas disciplinas na pós-graduação em Ciências da Religião de universidades como a PUCSP e a UFPB. São bem-vindos, nesse sentido, trabalhos que se debrucem sobre o esoterismo nos contextos históricos da antiguidade greco-romana (gnosticismo), do Renascimento (hermetismo), do Ocultismo (século XIX) e da New Age (século XX), seja numa formulação histórico-cultural ou numa perspectiva mais fenomenológica. De maneira especial, este grupo está aberto para debater trabalhos voltados à pesquisa sobre o esoterismo ocidental na América Latina, seara ainda pouco explorada e que tem se revelado promissora, como se pode ver, por exemplo, na produção acadêmica do CEEO (Centro de Estudos do Esoterismo Ocidental), ligado à Universidade de Buenos Aires.


GT 18 - Instituições, práticas e representações do catolicismo no Império Ultramarino português (séculos XVI-XVIII)

Manoela Vieira Alves de Araújo, doutoranda em História UFJF
manoelavaa@yahoo.com.br
Vanessa Cerqueira Teixeira, mestranda UFJF

As devoções, as sensibilidades religiosas e as correntes de espiritualidade dos fiéis e do clero têm sido renovadas pela historiografia. Nossa proposta para esse Grupo Temático, através de uma abordagem sob a ótica da História e Historiografia das Religiões e Religiosidades, é que tenhamos acesso a um conjunto variado de trabalhos que procuram pensar as dimensões do catolicismo integrando cada vez mais as reflexões em torno das construções historicamente diversificadas das instituições, das vivências e das representações católicas, não mais vistas isoladamente, mas sim, em constantes conflitos e diálogos. Impulsionada pelo Concílio de Trento, a Igreja passou a interferir mais de perto na relação dos fiéis e do clero com as práticas religiosas e os cultos sagrados, que eram, por sua vez, estimulados e contavam com a participação ativa dos leigos reunidos em irmandades e ordens terceiras, procurando fazer do santo um modelo de conduta. Nesse sentido, esse GT abrange os estudos dos variados aspectos assumidos pelo catolicismo no Império Ultramarino português entre os séculos XVI e XVIII. Dentre os quais, destacamos a ação missionária e doutrinadora do clero regular e secular; as vivências religiosas através das manifestações sagradas dos fiéis e do clero, em consonância ou em tensão com as normas institucionais; a atuação dos leigos nas irmandades religiosas; a ação controladora da Igreja, particularmente do Santo Ofício; os aspectos próprios à sociedade escravista nas vivências devocionais; a moralidade e o cotidiano dos fiéis e do clero; e as representações acerca da morte e da santidade.


GT 19 - Integrismos e "fundamentalismos" católicos: histórias, formas e perspectivas

Rodrigo Portella, Doutorado em Ciência da Religião, UFJF
portellarodrigo1969@gmail.com


O Grupo de Trabalho "Integrismos e 'fundamentalismos' católicos: histórias, formas e perspectivas" propõe a divulgação e discussão de pesquisas cujo foco seja o amplo espectro das expressões conservadoras, integristas e "fundamentalistas" presentes no catolicismo atual. O GT pretende, também, avaliar as relações que possivelmente existem entre formas integristas de catolicismo e violência simbólica.


GT 20 - Interfaces da Religião no Espaço: Festa, Turismo Religioso e Patrimônio Cultural

Diego Santos Barbosa, Mestre em Ciência da Religião, UFJF/PPCIR
diegosantosbarbosa@hotmail.com
Elza Aparecida de Oliveira, Mestra em Ciência da Religião - UFJF-PPCIR

Este grupo de trabalho pretende discutir a temática da religião na sua relação com o espaço público, relacionando, de um lado, concepções teóricas que apostam na possibilidade de construção de um lugar religioso de caráter público junto ao Estado e, de outro, concepções teóricas que questionam tal possibilidade, propondo um lócus religioso fora dos limites do Estado. O objetivo desde grupo de trabalho é focar suas reflexões dentro da área da Ciência da Religião e disciplinas afins a partir da articulação de três grandes realidades culturais e campos de conhecimento: as Festas, Turismo Religioso e Patrimônios Culturais. Os estudos e as pesquisas desenvolvidas estarão orientados prioritariamente para a compreensão dos fenômenos religiosos e suas possíveis articulações entre si. Pretende-se, também, ressaltar a pluralidade de reflexões contemporâneas nos trabalhos etnográficos e favorecer um debate profícuo entre perspectivas conceituais que perpassam diferentes áreas temáticas. Interessa-nos, especialmente, a conjugação entre os estudos de rituais e performances e a abordagem etnográfica das formas expressivas – gêneros poético-musicais, danças, encenações, manipulação e fabricação de objetos e artefatos que se articulam e desarticulam no contexto de formas mais festivas ou mais cotidianas da prática social. O GT pretende, sendo assim, reunir pesquisas que reflitam sobre os processos associados às culturas populares, privilegiando estudos sobre folguedos, rituais, danças, produções artesanais, festas, saberes e sociabilidades entre os espaços no mundo contemporâneo.


GT 21 - Interfaces entre Literatura, Religião e História.

José Leandro Peters, Doutorando, UFJF
joseleandropeters@yahoo.com.br
Edson Munck Junior, Doutorando

O enfoque desse GT é reunir trabalhos interessados na interface entre os três campos: literatura, religião e história. Na linha teórica da Nova História Cultural, consideramos que os textos literários dialogam com as experiências e as expectativas dos seus autores, constituindo-se em representações do passado, presente e futuro que objetivam atingir um determinado público alvo. Esse por sua vez pode se apropriar das ideias defendidas pelos autores de modos variados. Nos diversos textos literários é possível encontrar vestígios da religiosidade de um indivíduo ou de uma sociedade porque o homem quando elabora o seu discurso o faz de um determinado lugar, com objetivos específicos, voltando-o para um público alvo e assim reflete a sua representação do mundo, da sociedade e da fé. Logo, sua produção é o suporte de um sentido transmitido pela imagem ou pelo texto que pode ser lido e apropriado sob uma gama infinita de concepções ao longo do tempo. Nesse processo contínuo de apropriação e representação do real e do imaginário, concepções e conceitos religiosos são forjados, defendidos e difundidos. Desse modo, os textos literários são fontes importantíssimas para o estudo do fenômeno histórico e religioso. Sendo assim o GT tem o interesse em receber e discutir trabalhos que se propõem a estudar o fenômeno religioso a partir de textos literários ou tomam os textos literários como fontes para estudo de temáticas relacionadas à religiosidade.


GT 22 - Metodologia e Documentação em Experiências Religiosas.

Juliana B. Cavalcanti, Mestre em História Comparada, UFRJ
julianajubcmt@yahoo.com.br
Vítor Almeida, Doutorando em História Comparada

A história da pesquisa sobre as Religiões em instituições de ensino laicas no Brasil ainda é muito recente, ela está imediatamente ligada ao processo de consolidação e construção dos programas de graduação e pós-graduação a partir da década de 1970. Apesar dos quase 50 anos de estudo, algumas religiosidades, como Candomblé, Espiritismo, Islã, ainda estão passando por um processo de consolidação nos estudos, tanto em nível específico como comparado. O que tem fomentado um debate sobre metodologia e documentação, possibilitando um maior contato entre disciplinas como História, Teologia, Antropologia, Arqueologia, Sociologia e Filosofia. Neste sentido, entendendo que experiências religiosas são historicamente produzidas e alteradas na ação e por isso mesmo são fenômenos próprios ou tecidos no cotidiano dentro de determinadas condições (SAHLINS, 1985: 7-8; THOMPSON, 1981: 11), o GT “Metodologia e Experiências Religiosas” se propõe a receber trabalhos que versem sobre métodos multidisciplinares para o estudo das experiências religiosas. Em outras palavras, os proponentes partem da premissa de que apenas com a formação de ambientes multidisciplinares será possível a formação de estudos comparados, sem que se configurem filtros de leitura que privilegiem determinadas experiências religiosas ou mesmo que impeçam uma percepção plural de um mesmo movimento religioso; filtros estes que por vezes corroboram para discursos de violência, intolerância e que desconsideram por completo o processo de formação das categorias e marcas identitárias. Assim sendo, o GT anseia propor criar um ambiente em que pesquisadores, de diferentes formações nos campos das Humanidades, possam contribuir para um debate comparativo vislumbrando diferentes documentações e objetos ligados ao campo das Religiões.


GT 23 - Mídia e Religião

Marco Túlio de Sousa - Doutorando em Comunicação (UNISINOS), mestre em Comunicação (UFMG) e graduado em Comunicação (UFJF)
Jênifer Rosa de Oliveira - Mestre em Comunicação Social (UMESP) e graduada em Comunicação (UFMG)

Nas últimas décadas a crescente inserção das diversas mídias (impressa, rádio, televisão e mídias digitais) no nosso cotidiano tem feito emergir novas formas de produção, transmissão e ressignificação dos textos e das experiências que os sujeitos têm no mundo. Isso tem trazido transformações que transcendem as experiências de indivíduos isolados e do próprio campo midiático, mas também se espraiam para outros campos sociais, dentre eles a religião. A crescente exposição das religiões nas mídias tem reconfigurado o seu modo de ser no mundo (GOMES, 2010), afetando a maneira como tradicionalmente se inscreveram na sociedade, seus ritos e o como se relaciona com os fiéis e outras esferas (a política e a cultura, por exemplo). A complexidade que envolve ofenômeno tem chamado a atenção de pesquisadores de diversas áreas das Ciências Humanas e conceitos como o de “igreja eletrônica” (ASSMANN, 1986) e “religião midiatizada” (MARTINO, 2012) têm sido formulados e tensionados para pensar as decorrências do entrecruzamento entre mídia e religião e como as atualizações desse movimento modificam as interações sociais.Embebido deste pensamento, o GT Mídia e Religião objetiva ampliar as reflexões que versem sobre tal interface. Interessam-nos trabalhos que ofereçam discussões de caráter teórico e (ou) analítico que tratem, portanto, de modos de presença da religião na mídia, tantoa partir da abordagem dasapropriações de espaços midiáticospelas instituições religiosas, quanto pelo enfoque de elementos referentes à religião por parte das empresas de comunicação, além do compartilhamento de experiências religiosas do público na mídia. 


GT 24 - Mística e Natureza

Monica Giraldo Hortegas, doutoranda PPCIR/UFJF
mhortegas@hotmail.com
Carolina Duarte, doutoranda PPCIR/UFJF

O presente grupo de trabalho pretende incentivar o diálogo entre os conceitos Mística e Natureza, abrindo espaço para a discussão acadêmica entre diversas tradições e saberes. Religião pode ser tratada através de várias abordagens. Estudá-la enquanto mística aponta para a inquietação que anseia pelo encontro entre o Espírito Infinito e o espírito humano. Esta presença se apresenta em todas as religiões com diversos nomes e formas. Porém, quando se obtém sua vívida experiência, é possível traçar um denominador comum que viabiliza o diálogo, a paz, a compaixão, tão necessários nos tempos atuais. A natureza, por sua vez, mostra este lugar de encontro. Da relação com a Terra à relação com a natureza animal e humana é possível destacar a relevância de uma mística que valoriza o imanente ao invés de olhar apenas para o transcendente. Aprofundar o olhar sobre a temática da natureza a partir da mística se abre, inclusive, como um caminho de possível questionamento da qualidade da presença humana na Terra. É na experiência cotidiana, do corpo, da Terra, da relação entre os seres que é possível captar esta malha que tudo interliga e alimenta. É possível perceber o humano como um elo desta teia, bem como os outros seres, companheiros nesta jornada de vida, nem superiores, nem inferiores. São diversos os textos onde vemos o realce da relação entre a temática mística e natureza, seja na tradição cristã, como por exemplo com o Papa Francisco, na tradição do Islã, com as belas poesias de Rumi, na tradição hinduísta pelo amor das gopis à Krishna, sempre rodeado pela beleza exuberante da natureza, seja na tradição budista, como no singelo poema de mestre Dogen: “O eco dos vales e o grito dos símios nas alturas não fazem senão recitar sem cessar as escrituras”.


GT 25 - Música, Religião e Violência

Thiago de Menezes Machado, Doutorando, UFJF
thiago.machado16@hotmail.com
Valdevino de Albuquerque Júnior, Doutorando/UFJF

A ideia deste grupo de trabalho é abrir um espaço de discussões sobre as relações entre música, religião e violência. A música figura-se como importante elemento na construção social e simbólica da experiência religiosa, seja como forma de auto-expressão da alma religiosa individual ou como memória coletiva de uma tradição. As experiências de violência vivenciadas por distintos grupos sociais são geradoras de crises, oportunizando reflexões e reformulações religiosas em face de situações de agressão e violência. A espiritualidade de resistência veiculada pelo reggae, a belicosidade manifesta na hinologia protestante clássica e pentecostal, os aspectos de religiosidade afro-brasileira presentes na capoeira, as imagens guerreiras africanas ou indígenas que transparecem em músicas da religiosidade afro-brasileira e a agressividade como ferramenta retórica típica da cultura heavy metal demonstram a pertinência da música como forma de reflexão a respeito da relação entre religião e violência. Deste modo, este GT propõe que se discuta as várias formas de interação entre música, religião e violência, contemplando tanto os aspectos técnicos e estéticos da composição musical quanto os aspectos ideológicos que são comunicados através dela. Sob um viés interdisciplinar, o GT busca articular contribuições formuladas a partir das perspectivas das ciências da religião, antropologia, sociologia, etnomusicologia, comunicação, história e disciplinas afins.


GT 26 - O ensino religioso e o ser pessoa: Confessional, Plural e Relacional

Jacirema Maria Thimoteo dos Santos, Doutora em Teologia, UFRJ
jacirema@igeo.ufrj.br

Citado nas Resoluções CNE/CEB nº 2/98 e nº 7/2010 como Área de Conhecimento e em outras leis como a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, o Ensino Religioso é um direito de todo aluno, enquanto ser humano integral que precisa ser contemplado nas dimensões social, emocional, cognitiva e religiosa. Também, pode ser um instrumento e uma contribuição inconteste para a Educação Brasileira. Neste sentido, faz-se necessário investigar e analisar se as diversas propostas curriculares existentes têm como questão de fundo àquele que deve ser efetivamente considerado: o aluno. Pois, é este em sua condição concreta, como pessoa, que deve ser o critério de discernimento para qualquer proposta curricular. Esse GT tem como objetivo refletir estudos e pesquisas sobre o conceito de pessoa para a Filosofia, a Psicologia, a Sociologia e para as religiões encontradas dentro da nossa diversidade religiosa e a relação de tais conceitos com as propostas curriculares. Compreendendo que a pessoa só se torna pessoa na relação. Por isso, que o presente GT pretende reunir trabalhos de pesquisadores de áreas afins que versam sobre este assunto, refletindo que o Ensino Religioso deve compreender a individualidade do ser pessoa enquanto pertença de um credo, mas saber articular com a relacionalidade entre os vários credos, ou seja, mesclar confessionalidade e pluralidade com relacionalidade. Visto que qualquer proposta curricular que leve em consideração o ser pessoa na sua individualidade e na sua relacionalidade transcende questões doutrinárias/religiosas, vedando quaisquer forma de proselitismo.


GT 27 - Paganismo como campo de estudo

Dartagnan Abdias Silva, Mestrando em Ciência da Religião, UFJF
dartagnanabdias@gmail.com
Celso Luiz Terzetti Filho, Doutorando em Ciência da Religião / PUC-SP

O Paganismo em seu contexto religioso começa a ser (re)definido na modernidade com o (res)surgimento de novas expressões religiosas que hoje são compreendidas como expressão do movimento pagão contemporâneo ou neopagão. Por sua complexidade e dimensão alternativa, o Paganismo tem chamado a atenção de cientistas de uma forma geral e seu estudo se amplia ao pensá-lo em seu contexto e expressão contemporânea concomitante – ou ao lado – de uma contextualização histórica e arqueológica. Desse modo, podemos dizer que está compreendido nesse fenômeno uma miríade de expressões religiosas contemporâneas que remetem suas origens às religiões pré-cristãs da Europa, Norte-Africano, Ásia, Oriente Médio e até a grupos indígenas (principalmente norte-americanos). Esse fenômeno tem crescido mundialmente, principalmente por se mostrar uma religiosidade alternativa inserida nos debates ecológicos e sociais. No Brasil, essas expressões são verificadas a partir da mídia (principalmente da internet e redes sociais) e dos trabalhos acadêmicos, bem como por sua inserção no campo público ao reivindicarem também a luta pela defesa do Estado Laico e da liberdade religiosa. Dessa forma, o presente GT pretende alçar discussões a respeito dessas expressões religiosas tanto na modernidade quanto em seu aspecto histórico. As próprias espiritualidades pagãs se delegam herdeiras de tradições antigas, as vezes milenares – de maneira que é preciso que também investiguemos sua história e origem. Mas também não se pode negar sua versatilidade e inserção ímpares no cenário contemporâneo. Poderemos, então, articular discussões e trabalhos que integrem o paganismo em seu aspecto histórico, arqueológico, religioso, social e contemporâneo, na finalidade de melhor compreende-lo.


GT 28 - Pentecostalismo e educação

Marcelo Lopes, Doutorando, UFJF
montanhista-ms@hotmail.com

Desde longa data, o pentecostalismo possuiu a pecha de religião de pobres e ignorantes. Descontando o juízo de valor de alguns de seus detratores, tal imputação, entretanto, não foi totalmente infundada, tendo em vista a mentalidade anti-intelectual que permeou boa parte da história do movimento pentecostal, bem como pelo estrato social no qual o pentecostalismo inicialmente medrou. Isto posto, percebe-se, no entanto, que recentemente, isto é, há apenas umas três décadas atrás, algumas denominações pentecostais esmaeceram essa ênfase anti-intelectual e mais ainda, denominações como a Assembleia de Deus, por exemplo, envidaram esforços na área da educação como um todo e na educação superior particularmente. Diante desse fenômeno, este grupo de trabalho pretende ser um espaço para pautar discussões que contemplem as interfaces que tem ocorrido nesse envolvimento, suas dimensões, seus significados e suas implicações. Portanto, serão acolhidos resumos que articulem uma problemática atinente ao amplo objeto ora em tela e que sejam afetos à Ciência da Religião, obviamente, sem prejuízo do recorte específico dado pelos proponentes.


GT 29 - Questões epistemológicas da Ciência da religião: as interfaces de um campo multifacetado

Ana Luisa Barbosa, Mestre em Ciência da Religião, UFJF
analuisa.mbarbosa@gmail.com
Flávia Amaro, Mestre em Ciência da Religião UFJF

A Ciência da Religião constitui-se num campo relativamente novo do conhecimento que vem se firmando paulatinamente e angariando maiores espaços programáticos nas discussões acadêmicas. Porém, por apresentar uma raiz epistemológica onde se encontra uma inerente interdisciplinaridade instrumental, é que a referida ciência se configura enquanto uma área distinta de construção do conhecimento científico. Ao ganhar autonomia epistemológica se apresenta enquanto uma ciência distinta, não necessariamente por apresentar com exclusividade o objeto de estudo da religião, pois esse tema foi, e é, largamente abordado por várias outras ciências, mas sim, por apresentar um método particular, que por sua vez, recorre à uma perspectiva metodologicamente pluridisciplinar e integrativa. A Ciência da Religião enquanto área de conhecimento específico e por se tratar de um campo epistemológico ainda em processo de formação no Brasil, assume uma característica plástica, ou seja, moldável e que reivindica intrinsecamente sua articulação à outras áreas do conhecimento, tais como: artes, antropologia, medicina, teologia, filosofia, sociologia, psicologia, etc. Nos propomos no presente grupo de trabalho reunir pesquisadores interessados no diálogo entre duas ou mais áreas cujas distintas perspectivas analíticas dialogam entre si e, por conseguinte formam a Ciência da Religião.


GT 30 - Religião e sexualidade

Silvia Geruza Rodrigues, Doutoranda, PUCSP
sgeruza7@uol.com.br

Com o considerável aumento no número de evangélicos no Brasil e o envolvimento nos vários segmentos da sociedade, principalmente na política, observa-se um retrocesso na separação entre o estado laico e a igreja. A igreja evangélica apresenta-se resistente aos avanços da ciência na questão da sexualidade, encontrando-se ainda com um discurso do século II d.C. sobre a sexualidade dos jovens, do casal, a questão de gênero, a ordenação ministerial de mulheres e assuntos que já deveriam ter sido discutidos. Levantar questões de ordem sexual nas igrejas tem dividido igrejas, opiniões, inteiras denominações. Neste GT teremos espaço para discutirmos sobre religião e sexualidade a fim de analisarmos propostas mais concretas tanto no mundo acadêmico, social, como no religioso.


GT 31 - Religião oficial e resistências no Brasil Colonial

Priscilla da Silva Góes, Mestranda em Ciências da Religião, UFS
priscillahistoria@yahoo.com.br

Quando pensamos em relações de poder no Brasil Colônia tendemos a associar ao domínio da nação Portuguesa no Brasil no sentido político e econômico. Porém, tal submissão dava-se também no aspecto religioso, pois, no regime absolutista o rei determinava a religião de seus súditos. No caso de Portugal a religião oficial era o catolicismo, portanto, outras manifestações religiosas foram perdendo espaço desde seu estabelecimento como nação, o que influenciou diretamente na formação religiosa do Brasil Colônia, onde a influência religiosa se deu, assim como em Portugal, majoritariamente pela Igreja Católica. Entretanto, outras manifestações religiosas lutaram para se preservar em meio à repressão. Não houve no Brasil um tribunal inquisitorial permanente. A Inquisição atuou por meio das Visitações, que era “uma inspeção periódica que por determinação do Conselho Geral do Santo Ofício realizava um delegado seu para inquirir do estado das consciências em relação à pureza da fé e dos costumes” (SIQUEIRA, 2011: 34) e dos Familiares que eram pessoas designadas pelo tribunal para denunciarem praticantes de hábitos condenados pela Igreja Católica. A visitação permitia que a Inquisição chegasse a diversos lugares que pertencessem ao Reino, para vigiar, punir e garantir que o cristianismo estivesse sendo vivido de acordo com as ordens da Igreja. Estudar as religiosidades perseguidas no Brasil Colônia e perceber suas formas de resistência é de fundamental importância a melhor compreensão da formação do campo religioso brasileiro. Este GT busca, portanto, viabilizar um debate sobre as diferenças em uma época onde se pretendia uma unidade religiosa.


GT 32 - Religião, Cultura e movimento social: A ritualização do Psicoativo.

Júlia Gabriela Leão Monteiro, Mestranda em Ciências da Religião, UEPA
julia9monteiro@hotmail.com
Marily Martins de Lima, mestranda em Ciências da Religião

Este GT destina se a acolher pesquisas que trabalhem a temática religião e psicoativo numa ótica interdisciplinar e histórica. Nos estudos de religiões ayahuasqueiras, rastafári entre outras espiritualidades. Tendo como ponto de partida o debate entre ciência, religião e tradições culturais. Portanto, objetivamos trocar conhecimento sobre essas abordagens na perspectiva das ciências da religião pensando nos direito humanos e as escolhas de cada cidadão.


GT 33 - Religião: fenomenologia e ciência

Luís Gabriel Provinciatto, Mestrando em Ciências da Religião, PUC-Campinas
lgprovinciatto@hotmail.com
 Maiara Rúbia Miguel, Mestranda em Ciências da Religião, PUC-Campinas

O GT “Religião: fenomenologia e ciência” visa promover a reunião de diferentes pesquisadores para discutir reflexões de cunho filosófico, científico da religião e/ou teológico, relativas aos diferentes modos de percepção e apreensão do fenômeno religioso. Em vista desse propósito, apresentam-se dois eixos temáticos: 1) a relação entre religião e fenomenologia; 2) a relação entre fé e razão. O primeiro eixo se caracteriza, justamente, pela abordagem fenomenológica com a intenção de discutir e problematizar, de modo reflexivo, alguns desdobramentos contemporâneos relacionados ao fenômeno religioso, tais como: ética, racionalidade da fé, teísmo, espiritualidade, entre outros. Vale destacar que está mantida a possibilidade de abordar o fenômeno religioso pelas diversas linhas fenomenológicas presentes na filosofia. Já o segundo eixo temático traz como característica e propósito central o debate sobre a racionalidade da fé, sobretudo, os estudos sobre a relação entre religião e ciência, e sua influência na contemporaneidade. O GT se caracteriza, de modo geral, pela investigação filosófica, científica da religião e/ou teológica do fenômeno religioso em suas múltiplas possibilidades de abordagem e compreensão, a saber: fenomenológica, hermenêutica, teológica ou comparativa. Serão aceitos trabalhos provindos, preferencialmente, das áreas de Ciências da Religião, Filosofia e Teologia independentemente da titulação do proponente. Reitera-se que todos estejam dispostos a pensar as representações do fenômeno religioso.


GT 34 - Religiões e Religiosidades na Amazônia Caribenha: Encontros Culturais e ressignificações identitárias

Jakson Hansen Marques, Mestre em Antropologia Social – UFPR
jakson_marques@hotmail.com
Alfredo Ferreira de Souza, Doutor em História Social - UFRJ

O presente GT intitulado: Religiões e Religiosidades na Amazônia Caribenha: Encontros Culturais e ressignificações identitárias, traz em seu bojo um aspecto ainda pouco estudado na região da Amazônia Caribenha, que é a múltipla diversidade das manifestações religiosas, nos diferentes territórios, lugares, fronteiras que compõem essa região da Amazônia. Uma região que compreende uma tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, e que carrega nesta tríplice fronteira manifestações, ressignificações, das mais variadas matizes religiosas. Roraima, parte da Amazônia que se situa nesta tríplice fronteira, apresenta-se como uma área grandemente fértil para o estudo das mais variadas manifestações religiosas que inclui, por exemplo, o islamismo – fronteira com a Venezuela; o hinduísmo e as religiões orientais – fronteira com a Guiana; as pluralidades religiosas – entre os povos indígenas, as várias manifestações do cristianismo, do afro – brasileirismo, do orientalismo – centros urbanos; apenas para citar algumas. Estudos já realizados nestas áreas por meio de programas de mestrado e doutorado dão conta desta situação, embora ainda sejam tímidos no aspecto quantitativos. E por esta timidez quantitativa, crê-se na necessidade de se ampliar a discussão e aprofundar a pesquisa nesta área tão discutida no cenário acadêmico brasileiro. Portanto o GT Religiões e Religiosidades na Amazônia Caribenha: Encontros Culturais e ressignificações identitárias convida a todos que realizam suas pesquisas com a temática da religiosidade neste espaço tão privilegiado da América Latina, a compartilhar suas experiências de pesquisa, para quem sabe constituirmos uma rede de pesquisadores sobre as religiões e religiosidades na Amazônia Caribenha.


GT 35 - Religiões não Hegemônicas e Alteridade: pressupostos da violência e intolerância religiosa

Cristiano de França Lima, Doutor, UFPE
cristiano.fralima@gmail.com
Ariene Gomes de Oliveira, Mestrado

Por muito tempo vivemos sob a hegemonia do pensamento cristão ocidental, o que endossava o privilégio do Cristianismo enquanto única religião verdadeira e superior às demais. Ao longo de sua história, sustentado por essa concepção, o Cristianismo garantiu-se o direito de perseguir, exterminar e castigar aquele/as que professavam outras crenças. Ao olharmos para a nossa história, latino-americana e, em especial, brasileira, constatamos que a religião serviu como espeque ao sistema colonial. Não é à toa que há bem pouco tempo, dominava, predominantemente, a convicção de que o povo latino-americano era essencialmente cristão, mais até, católico. Setores e práticas da população que se distanciavam dessa hegemonia cristã e/ou católica eram vistos como supersticiosos e atacados como portadores de perversões demoníacas. O caso brasileiro é emblemático a esse respeito. Desde o início do século passado, e com a permissão mais ou menos tácita da hierarquia católica, as casas de candomblé e, posteriormente, as tendas de umbanda foram sistematicamente perseguidas pela polícia. A diversidade religiosa era assim fichada e relegada aos dossiês de crimes comuns. A psiquiatria no Brasil, em sua fase inicial, chegou a elencar a umbanda na lista das causas de doença mental. Estes processos concatenam-se à experiências de violência – física e simbólica – sofridas por grupos sociais, aos quais implicam a negação das suas histórias coletivas, crenças e dos espaços sagrados, no Brasil e na América Latina. Esses grupos, desconsiderados e negados em sua alteridade, não só foram vítimas da intolerância religiosa como também foram violentados e tratados de forma depreciativa em seus corpos e atingidos no mais profundo de suas almas, representados socialmente em imagens demoníacas; seus locais de culto, portanto sagrados, foram invadidos e destruídos, seus símbolos foram rechaçados, ignorados e ridicularizados. Apesar do Estado brasileiro se auto declarar, na Carta Magna, como Estado Laico, encontramos, tanto nas notícias midiáticas, quanto em pesquisas acadêmicas, relatos de experiências de violência e intolerância contra o/as cidadão/ãs praticantes de religiões não hegemônicas. Isto sem falar no fundamentalismo religioso gritante em nossa atualidade por parte do/as adepto/as às religiões neopetencostais. Entendendo estas experiências de violência enquanto um fenômeno estrutural e/ou funcional embutido nos padrões e práticas hegemônicos e inquestionáveis, o presente GT tem como mote a questão: Onde se encontra a base de tais experiências direcionadas às religiões não hegemônicas? Destarte, pretende ser um espaço a reflexão e discussão sobre os desígnios e propósitos dessas experiências e intolerância religiosa.


GT 36 - Religiões Tradicionais em África e seus desafios frente ao mundo contemporâneo pós-colonização

Mariana Gino, Mestrando em História Comparada, UFRJ
mariana.gino@hotmail.com
Carlos Alberto Ivanir dos Santos, Mestrando em História Comparada, UFRJ

A instauração do domínio colonial europeu no continente Africano não compreendeu apenas à imposição forçada do poder político, econômico e social. Ela foi, também, uma das maiores imposições culturais, valendo-se da mesma para dar apoio às superestruturas políticas, econômicas e sociais representadas pelo colonialismo nas culturas as quais se introjetava (OPOKU, 2010). Destarte, antes do contato colonial a religião tradicional em África estava (e ainda está) inseparavelmente ligada à cultura africana. Segundo Emamauel Obiechina. Não existe qualquer dimensão importante da experiência humana que não esteja ligada ao sobrenatural, ao sentimento popular religioso e à piedade [...]. Tudo isso constitui parte integrante da estrutura ideológica da sociedade tradicional e é essencial para uma interpretação exata da experiência no contexto social tradicional (OBIECHINA, 1978). Essa forte onipresença no modo de viver e agir dos povos africanos dava à religião tradicional um caráter global, dentro do contexto cultural de onde se tinha nascido baseada em uma visão muito particular de ver e compreender o mundo, e que não incluía apenas a percepção do divino, mas também a compreensão da natureza do universo, de todos os seres humanos e do seu lugar no mundo. Com o início da dominação e imposição colonial no continente Áfricano, conduziu-se uma enorme à difusão das influências europeias até o âmago do continente (OPOKU, 2010). O início do processo colonial em África é o marco dos desafios da sobrevivência e da necessidade de se fortalecer das religiões tradicionais. Haja vista que os missionários foram os porta-vozes da cultura ocidental, e que seus objetivos estavam claramente ligados não só a converter os africanos ao cristianismo, mas também à cultura ocidental. Assim objetivo do presente Grupo de Trabalho é analisar, debater e difundir junto com pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, a partir de suas narrativas de trabalhos e pesquisas, sobre Religiões Tradicionais em África e seus desafios frente ao mundo contemporâneo pós-colonização.


GT 37 - Religiões, criminalidade e sistema prisional

Antonio Carlos da Rosa Silva Junior, doutorando PPCIR/UFJF, UFJF
acarlos_juridico@yahoo.com.br
Ana Idalina Carvalho Nunes, mestranda PPGCSO∕UFJF

Este GT objetiva reunir pesquisadores(as) que discutam as aproximações e distanciamentos entre as religiões e as populações estigmatizadas que vivem dentro e fora das prisões, diálogo que envolve questões de segurança pública, política e sociedade, e abordam o atendimento religioso aos encarcerados, aos que trabalham no mercado informal de drogas, enfim, às pessoas que estão direta ou indiretamente ligadas à criminalidade nas regiões socialmente segregadas. Conquanto os estudos dessas relações fossem incipientes até a década de 1990, a partir da redemocratização do país tem surgido um razoável número de investigações, nas mais diversas áreas, como as do Direito, das Ciências Sociais, da Ciência da Religião, da Psicologia e da Educação. A inserção das religiões no sistema prisional alavanca uma série de elementos: desde as conhecidas punições penais do início do século passado para as práticas tidas como curandeiras, até as mais recentes investigações que versam, por exemplo, sobre as conversões e as dinâmicas desse campo religioso específico – sincretismo e porosidade, competições e guerras santas. Além disso, envolve as diversas apropriações que os encarcerados fazem dos dogmas e preceitos, as relações dos religiosos com o Estado e as prisões baseadas na fé. Ademais, para além do sistema prisional em si, as religiões estão envoltas com a criminalidade – a exemplo das relações estabelecidas com os traficantes e outros criminosos atuantes nos morros “ocupados” pelos (neo)pentecostais – e com a segurança pública em geral – para os que enxergam seu papel na reintegração social do indivíduo. Essas e outras interfaces entre as religiões e as populações estigmatizadas, a criminalidade e o sistema prisional podem encontrar neste GT um laboratório criativo e instigante.


GT 38 - Religiosidades em fluxo

Alexsânder Nakaóka Elias, Doutorando em Antropologia Social, Unicamp
alexdefabri@yahoo.com.br


Edimilson Rodrigues de Souza, Doutorando em Antropologia Social, Unicamp

A proposta deste Grupo de Trabalho é reunir pesquisadores interessados na problemática dos fluxos religiosos, sejam eles de pessoas, objetos e/ou práticas. Tais movimentos, genericamente nomeados e conhecidos como “peregrinações”, consistem em um fenômeno importante, presente em diversas religiões espalhadas pelo mundo, na medida em que estabelece relações entre pessoas, lugares e objetos sagrados. Apesar da origem latina do termo (per agros, que significa “pelos campos”) - introduzido pelos cristãos no âmbito linguístico por volta da primeira metade do século XIII, para designar os adeptos do Cristianismo que se dirigiam a Roma ou a Terra Santa, percorrendo os seus territórios sagrados (com o intuito de expiação dos pecados e/ou para cumprir punições impostas pela Igreja) -, entendemos a expressão “peregrinação” de uma forma mais ampla, como jornadas e fluxos realizados individualmente ou em grupo para um determinado lugar sagrado, seja ele uma cidade ou um templo, marcado por um acontecimento especial ou pela passagem de um ser sobrenatural. O intuito, aqui, é reunir trabalhos de diversas áreas disciplinares produzidos a partir de pesquisas de campo de cunho etnográfico (com enfoque na produção de experiências de sociabilidade, crença e pertencimento), desenvolvidos nos mais diversos contextos, independentemente da religião abordada (seja ela de matriz judaico-cristã, africana, ameríndia, oriental, etc.) e dos critérios teórico-metodológicos utilizados para sua análise. Portanto, serão bem-vindos pesquisadores dos mais variados campos, sejam das Ciências da Religião, da Antropologia, da História e das Artes, podendo mesclar, neste sentido, o uso de fontes orais, sonoras (gravações), escritas (notas e diários de campo) e imagéticas (fotografia, vídeo e filmagem) para compor e desenvolver as suas narrativas.


GT 39 - Religiosidades Pentecostais nas Periferias: Violências e Contradições

José Honório das Flores Filho, Doutorando em Ciências da Religião, UMESP
 honoriomff@gmail.com
 Lucas Braga Medrado da Silva, Mestre em Ciências da Religião, UMESPMESP-SP
letrasestacio@gmail.com

É perceptível o crescimento de instituições religiosas localizadas em contextos favelizados, a exemplo especialmente das igrejas pentecostais. Neste contexto, o discurso religioso do resgate dos indivíduos do mundo das drogas, do álcool e do crime, por exemplo, por grupos pentecostais atuantes nas favelas, é contrabalançado pela atuação de traficantes convertidos ao pentecostalismo e que vivem um paradoxo entre dois mundos “crime e crença religiosa”. Nesta mesma proporção na esfera das violências urbanas, as intolerâncias são perpetradas contra outros grupos religiosos, por exemplo, as afro-brasileiras. A estreita relação da religiosidade popular com as manifestações culturais e artísticas nas periferias e favelas, se traduz em grupos subalternos duplamente periféricos em um contexto de segregação e vulnerabilidade social. As religiosidades pentecostais e o seu aumento nas periferias das regiões metropolitanas das pequenas, médias e grandes cidades brasileiras carecem ainda de estudos interdisciplinares que dialoguem as categorias sociorreligiosas e culturais ao fenômeno urbano periférico.  O presente GT pretende recrutar pesquisas concluídas e em andamento, das diversas áreas do conhecimento, para endossar um frutífero debate acerca das múltiplas faces das religiões e religiosidades pentecostais nos contextos sociais de periferia urbana.


GT 40 - Simbolismo e fé: Religião, Racismo e Violência Patrimonial

Profa. Dra. Joanice dos Santos Conceição - Pós-Doc em Antropologia, Universidade  Federal Fluminense.
joaniceconceicao@gmail.com

Carmélia Aparecida Silva Miranda, Pós- Doc em História, Universidade do Estado da Bahia
carmelia15@hotmail.com


Este GT tem como objetivo refletir e discutir sobre patrimônio cultural e violência, tendo como foco às religiões de matriz africanas, considerando os ataques aos praticantes e templos e símbolos religiosos, que têm ocupado reiteradamente os noticiários brasileiros, denunciando que estas preconceituosas práticas têm deixado de ser apenas agressões verbais, passando para violências física e patrimonial. Contudo, não se pode dissociar essas ações preconceituosas do racismo estruturante da sociedade brasileira, quando elas trazem à tona as agressões perpetradas contra o negro e suas manifestações desde os primeiros dias do sistema escravista. Somam-se a esses fatos o fundamentalismo religioso crescente no Brasil, cujas raízes mais profundas residem no racismo, o qual fortalece e reforça o imaginário popular e o discurso neopentecostal contra o candomblé, umbanda e outras denominações. Deste modo, serão bem-vindos ao GT, estudos que se propõem a refletir sobre as diversas formas de violências contra o patrimônio religioso e os adeptos das religiões de matriz africana, principalmente aqueles estudos que interseccionam as categorias religião, racismo, violência e patrimônio cultural.


GT 41 - Tradições e Religiões Asiáticas

Matheus Landau de Carvalho, Mestre, PPCIR – UFJF
matheuslcarvalho@ig.com.br
Matheus Oliva da Costa, Doutorando

O objetivo do GT Tradições e Religiões Asiáticas é reunir pesquisadores/as visando estimular os estudos e o diálogo em torno da pluralidade de tradições que se desenvolveram na Ásia – em especial no subcontinente indiano, no leste e sul asiáticos. Estes estudos podem ser compreendidos através: (1) de uma dimensão religiosa, expressa em práticas rituais e devocionais, narrativas mitológicas, sistemas de moralidade e produções artísticas; (2) de uma dimensão filosófica, identificada na investigação dos princípios metafísicos, ontológicos, lógicos, éticos e estéticos que caracterizam especulações de caráter cognitivo e soteriológico; e (3) de uma dimensão histórica, que englobe expressões socioculturais e literárias genuinamente asiáticas como objeto de análise de metodologias das Ciências Humanas. Seja qual for a dimensão da pesquisa, deve refletir iniciativas contemporâneas de compreensão e/ou revisão de vários estudos e realidades orientais, incluindo processos de transplantação ou transnacionalização cultural. Tendo em vista a situação ainda acanhada da pesquisa nessas temáticas no Brasil, no mundo lusófono em geral, e em toda a América Latina, acreditamos que este GT vai contribuir com a construção do campo de estudo das religiões asiáticas entre os cientistas da religião como um todo.


GT 42 - Variações sobre Rubem Alves

Gustavo Claudiano Martins, Doutorando em Ciência da Religião, UFJF
gcmartins@hotmail.com
Edson Fernando de Almeida, Doutor em Teologia - PUC Rio

Colocamo-nos diante do multifacético e singular pensamento de Rubem Alves, donde brota, sobretudo, a poesia e a visão desconcertante do fenômeno religioso para além dos reducionismos psico-sociológicos. Na teopoetica de Rubem a linguagem religiosa aparece como teia de palavras nascidas das entranhas humanas e lançadas sobre o abismo do mundo para torná-lo um lugar de beleza e verdade. Tal linguagem tece uma rede de símbolos com os quais o homem discrimina objetos, tempos e espaços, como abóboda sagrada a recobrir o mundo; símbolos nos quais se dependura e que fazem seu corpo estremecer. Esta é a marca emocional/existencial da experiência do sagrado. É por isso que Rubem Alves diz que as palavras formam redes, onde as pessoas se deitam, porque é nesse modo de conceber o mundo que se fundamenta a possibilidade de existência humana, é nessa linguagem que se apresenta o sentido da vida. De seus primeiros textos teológicos (em especial sua tese de doutorado intitulada A Theology of human Hope), perpassando suas produções filosóficas sobre a religião (destacando-se “O enigma da religião”, “O que é religião?”, “Religião e Repressão”, “Dogmatismo e Tolerância” e “O suspiro dos oprimidos”) e aportando em suas crônicas, esse grupo temático visa compor “variações sobre Rubem Alves”. Abarca, portanto, trabalhos que se debruçam sobre sua biografia, sobre a vertente singular da Teologia da Libertação elaborada por Rubem, sua extensa produção bibliográfica (ainda que algumas delas não sejam estritamente sobre religião, a temática quase nunca lhe escapa) e também sobre os efeitos das reflexões religiosas dele nos mais diversos segmentos.


GT 43 - Vivências e práticas da religiosidade de matriz africana: violência e relações de poder.

Glicia Caldas Gonçalves da Silva, doutoranda, UNIRIO
gliciarte@hotmail.com

O presente GT visa reunir pesquisadores e profissionais que atuam no campo das religiões de matriz africana. Refletir sobre a pluralidade de práticas das religiões de matriz africana e as diferentes modalidades de saberes e cultos que se constituíram em diferentes espaços identitários no território nacional. A resignificação de materiais da religiosidade africana nas manifestações religiosas construídas no território brasileiro desvela a manutenção de memórias vivas e dinâmicas de atores sociais com suas táticas e estratégias de permanência e mudança. Considerando que o campo religioso está inserido numa seara de disputas de lugares sociais e poder, destacar e refletir sobre a perseguição às religiões de matriz africana dentro desse universo é importante para identificar mecanismos históricos de violência, aniquilamento ou invisibilidade do diferente, bem como as formas criativas e originais de resistência dessa mesma população.